A nova safra 2008, de Casablanca e de San Antonio, merecem atenção e elogios pela alta qualidade.
Junto ao Oceano Pacífico, no Vale de Casablanca e de San Antonio, os rótulos chilenos da Sauvignon Blanc se estabeleceram como uma verdadeira categoria, comparável em qualidade e em quantidade somente aos estupendos Cabernet Sauvignon do Alto Maipo, perto da Cordilheira dos Andes.
Começando pelo litoral, os Sauvignon Blanc construíram uma reputação com seus aromas cítricos, sua mineralidade e principalmente porque são uma categoria numerosa na qual a qualidade é compartilhada, beirando a democracia. Vale a pena degustar a nova safra 2008: os rótulos de Casablanca e de San Antonio podem ser considerados como sinônimo de qualidade e confiabilidade.
Porém, nos últimos dois ou três anos, um novo horizonte se abriu para os Sauvignon Blanc chilenos, também na zona litorânea, ao norte, a 300 quilômetros. Mais precisamente ao norte de Santiago, no Vale de Limarí e de Elqui, onde até pouco tempo somente eram cultivadas uvas brancas destinadas à produção de pisco. Assim como em Casablanca, em Limarí e Elqui, é possível perceber a influência do mar, ainda que tanto o solo quanto o clima sejam distintos. Em Casablanca, por exemplo, chove 400 milímetros ao ano, aproximadamente, enquanto em Limarí essa incidência chega apenas a uns 100 milímetros. Além disso, a escassez de chuvas implica em céus limpos, fato esse que, combinado à influência fria do mar, provoca longas temporadas de maturação e de sanidade para o vinhedo.
No entanto, ao que parece, é o solo que determina a diferença entre os vinhos de Elqui y Limarí, em geral, e o Sauvignon Blanc em particular. Em Casablanca e San Antonio, o que predomina é a argila e o granito, solos que resultam em corpos abundantes e mineralidade pronunciada. Ao norte, por sua vez, os solos são terras aluviais, leitos de rio com traços de cal. Ainda é muito cedo para se tirar conclusões, mas pode ser que graças a essa mistura de solos e brisa marina é que os Sauvignon de Limarí e Elqui ostentem notas de sal, de mineral.
O frescor dos Sauvignon Blanc do norte não fica a desejar aos seus compatriotas do sul: sente-se uma mesma acidez severa e refrescante, muita fruta e bastante corpo, mas também notas de cal, esses aromas e sabores salinos, essas nuances de ají verde (um tipo de pimenta andina), que tanto têm chamado atenção e que, no final das contas, definem o caráter desses vinhos.
Um excelente exemplo é o Castillo de Molina de San Pedro, um vinho com aroma de ají verde e rico em sabores salinos conjugados a uma fruta cítrica raivosa. Vale a pena também provar o Tamaya, com seu Winemaker Selection, outro Sauvignon que mais parece ter sido feito com mineral do que com uvas. Interessante também é Tabalí, que buscou um estilo mais maduro, mais doce, mantendo ainda assim sua mineralidade como marca de origem.
E se falamos em mineral, em sal (temas que, na teoria, não parecem muito saborosos, mas que na prática, sim, acredite), devemos citar Maycas, o novo projeto de Concha y Toro, em Limarí. Maycas tem dois Sauvignon. O Reserva é frutado, repleto de aromas cítricos e de ají, com corpo volumoso e fresco. O Reserva Especial, por sua vez, tem aroma de cal, e em boca, essa sensação se reafirma, acompanhada de deliciosas notas cítricas.
A categoria do Sauvignon Blanc litorâneo no Chile tem sido a estrela nesse país por cinco ou seis anos. A cada temporada, percebem-se avanços em qualidade e em caráter. Assim, a chegada desses Sauvignons do norte só vem ampliar a gama de opções e dar-lhe ainda mais sabor.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
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